28.10.04

passou...

sentes o tempo que passa?
as pegadas na areia molhada...
apagam-se com o subir da maré.
mas estavam lá... e não deixaram marca alguma...
sentiste esse amor que te dei?
de onde não retiraste nada...
sentes ainda o meu pensamento perder-se?...
em ti... por ti... em momentos de raiva!
sim... pura raiva!
amei-te... passou...
passa sempre não é?
“ se amas alguém, tens de o deixar livre”...
que mentira tão grande!
eu preferia ter-te presa a mim, do que sofrer essa tua ausência!
não tens de deixar livre... simplesmente tens de te afastar por vezes...
livre?!
o próprio amor é liberdade... ou não é?
para mim era!
sentia-me livre para te amar e te dar tudo o que tinha...
tu não sabias sequer o que dar, nem como o dar...
agora és pegada que se apagou com o escorrer das minhas lágrimas...
e és memória esbatida... perdida... quase sem cor, nem forma.
lembro-te o nome, esqueço-te o beijo...
lembro-te o afastar, esqueço-te o toque...
foste o que agora ninguém é...

mas... um dia...
alguém será mais do que alguma vez foste!

25.10.04

Estou...

...Rodeado de água fria.
Apenas tenho, para me segurar, a Tua mão...
Senhor... Ouves-me agora?
... Estarei eu perdido?
Perdido?
Antes morto...
Permite-me isso!

Não consigo largar a Tua mão...
Senhor... Ainda me ouves?
Ouves?
Estou mesmo perdido?
Fria... água fria...
Rodeia-me agora.
E tudo o que tenho é o Teu aperto forte!
Senhor... Ouves-me?
Perdido?
Antes morto...
Mas não Te largo a mão.

...Em Ti deposito a minha sorte!

20.10.04

Azul...




Que som é este?...
E este azul que me rodeia e parece ir até nunca mais ter fim?
Que cheiro é este que se transporta no ar?
E esta luz que por vezes surge e me cega a vista?

Que mundo é este que roda em si mesmo?
E as pessoas que sobre si mesmas rodam também, dando apenas esse significado ao seu viver?
Existem apenas três noções de felicidade nesta massa de terra que muitos chamam de “meu mundo”...
Existe o ser mais do que o outro,
o saber mais do que outro,
o feio desígnio de mandar no outro...

E eu?...
Que faço eu aqui neste mundo vermelho de sangue?
...
Fecho os olhos...

...
De onde vem este som?
Esta melodia que me acalma e me transporta a um sítio diferente...
Cor de azul...
Que azul é este que me faz querer ser, mais uma vez, parte integrante deste mundo?
E este cheiro no ar?
O que é que pode ter este cheiro que mistura o odor do mar com o cheiro de se ser feliz?
Fecho os olhos e mergulho nesta vontade de ficar aqui...
Mesmo que seja um sonho,
Que este seja o meu mundo...
E que este azul seja infinito!


Fecha os olhos nina... quando abrires, já tudo passou!




18.10.04

Sou teu...

Estou cansado de estar aqui...
Cansado de ser apenas o que sou...
Suprimido por todos os meus medos,
Limitando-me apenas a existir!
O teu olhar... a minha luz.
As feridas, essas, não querem sarar.

Não deixes de aparecer...

Se chorares, bebo todas as tuas lágrimas,
E com elas saciarei a minha sede de ti.

Se tremeres, lutarei com todos os teus medos,
E enquanto te seguro pela mão, transformo tudo em paz!

E não tenhas medo...
Se te falhar o chão, não te falho eu!

A tua voz traz-me de volta a minha sanidade.
Enquanto me quiseres... sou teu!

12.10.04

És sonho

Acordei...
Mais uma vez sozinho!
Após uma noite contigo,
Em que te sonhei nos meus braços.

Acordei no escuro...
Que manhã fria esta!
Cai uma chuva mole... chata!
Uma chuva que não molha... mata!
Ainda tenho o sabor do beijo que te dei à pouco!
Ainda agora...
Quando não te tinha, mas te sonhei em mim!

Acordei perdido no tempo,
Sem identidade nem vontade de ser.
Acordei...
Perdido naquele momento em que estava...
De olhos fechados para te ver!

Neguem-me este acordar,
e deixem-me ganhar o mundo!
Quero ser em ti...
Fechar os olhos, estar contigo...
Viver-te num sonho profundo!

8.10.04

E se...

E se eu te olhasse?
Com medo e de relance,
e te perdesse no mesmo instante...
E se depois te encontrasse
na palma da minha mão?
... se te deixasse cair no chão...
e desaparecesses?

E se eu te tocasse?
Se o meu toque fizesse ferida?
Escondias-te de mim num vão de escada?
E se eu chegasse e dissesse:
- Encontrei-te. Estás tu!
Virias também à minha procura?

E se eu desaparecesse?
Sentirias a minha falta num momento vazio?
Ou renunciavas à minha ausência,
como me fazes agora em presença?
Diz-me e eu desapareço...
Ficaria apenas se pedisses que ficasse!


E...
E se eu te amasse?...

7.10.04

Queria pedir desculpa às 2 pessoas que deixaram comentários ao meu ultímo texto.
Mas, como é perceptivel, não é um texto para se comentar.
Nem é um texto, é um desabafo... um devaneio.
É um atirar para fora o que sinto, uma vez que não o faço cara a cara com ninguém!
Seja como for, ficaram registadas as vossas palavras, e um muito obrigada.


BRUNA

Hoje dói...
Dói tanto...
Esta sensação de impotência é horrivel.
Saber que estás aí, deitada numa cama, ligada a fios e a máquinas e a tubos e...
e saber que não posso fazer nada.
Saber que não dependes de mim para nada!
Esta percepção de realidade dói muito!
Apetece-me sair lá pra fora e gritar...
Gritar por ti, por mim...
Queria poder chegar a Deus e perguntar:

-PORQUÊ??????
19 anos e isto? Que mal é que ela fez? Quem é que ela magoou? Eu Digo-te quem...
Ninguém. Pelo contrário! Castigas uma neta que todos os dias ajuda a avó, uma filha que está lá sempre que os pais precisam... Castigas a MINHA PRIMA, que em qualquer festa de família, está lá... sorridente... doce... a ajudar! Sempre a ajudar! Um míuda que nunca fala dos seus problemas e que TU sabes que os tem...

Hoje dói...
Saber que nada sei do que se vai passar. Que ninguém sabe...

-Mas TU sabes, não é? TU sabes...

Custa tanto, tanto...
Mas sente-me aí do teu lado... Sempre! Em cada exame que fazes seguro a tua mão... Em cada hora sozinha, olho por ti!
E cada lágrima que choro, serve apenas para limpar as tuas. Para te lavar a cara, limpar os olhos.
Sorri prima... Sorri...
Hoje dói... dói muito...
Mas amanhã vai ficar tudo bem!

Amo-te tanto...

1.10.04

TU ÉS TUDO

Cheguei onde estava e sentei-me.
E numa tão grande imensidão, senti que o momento me preenchia.
De ambos os meus lados havia nada. Logo... estava lá tudo.
Ouvia o som belo dos pássaros que cantavam pousados nas árvores que não estavam.
Ouvia o riso das crianças que eu não via.
Sentia o cheiro das plantas de jardim algum que lá houvesse.
Ah! O silêncio...
O silêncio é nada, logo eu ouvia tudo.
Então senti a tua mão a tocar a minha, e o teu respirar ofegante cada vez mais perto.
Agarrei em todo o nada que havia à minha volta e moldei-o à tua forma.
E consegui estar contigo.
Beijei-te, segurei-te nos meus braços... amei-te.
Abri então os olhos e outra vez vi nada.
E nada é tudo...
E tudo és tu...