23.2.06

Nostalgia...

Tenho saudades de acordar tarde!
… Acordar tarde nos meus doze/treze anos…
De sair à rua depois de um toque insistente de campainha, acompanhado por uns berros – “Sandro! SAAANDROOOO!”
Sinto falta de pegar na bicicleta e ir para a rua. De passar o resto da manhã de um lado para o outro, a inventar brincadeiras onde a bicicleta era ora um avião, ora uma nave espacial, ou “apenas” uma mota. Nunca, mas nunca, uma mera bicicleta.
Sinto saudades daquela angústia que sentia enquanto procurava saber as horas, para não perder a noção de quando tinha de ir almoçar.
Depois do almoço era aquele não fazer nada até passar o maior calor… sentado no sofá… ok! DEITADO no sofá, a ver mais um episódio do “Verão Azul” (o mítico), até chegar a hora de voltar a descer. O mesmo frenesim de campainhas, de gritos…
Agora é o futebol… a sirumba… a macaca… as corridas de carrinhos pelos passeios, ou as pistas feitas com os devidos obstáculos para as caricas. Lembro-me que construíamos autênticas cidades. Perdíamos horas a construir casas, vivendas, lagos, prédios, a fazer estradas! Tudo com tacos que íamos “pedir emprestado” nas obras perto de casa. O bairro crescia a olhos vistos na altura.
-“É magnífico o que eles fazem”- diziam os pais ao chegar do trabalho!
E era mesmo!
Depois era a hora de subir para tomar banho e jantar.
Podia-se pensar que o dia terminava aí… mas não para nós. Não para os miúdos do 107 e 108.
A seguir ao jantar, desciam todos… ou quase todos. Mas mesmo os que não podiam, por alguma razão (talvez por terem demorado cerca de uma hora a subir depois de chamados para jantar, e serem castigados por isso) – lembram-se dos castigos?
Mas dizia eu, mesmo esses ficavam nas janelas e entravam na brincadeira. Eram os cúmplices de quem se escondia. Sim.. À noite a brincadeira era sempre a mesma – AS ESCONDIDAS! Isto com uns vinte miúdos! Era Incrível!
Os das janelas eram os cúmplices, como já disse. Os comparsas. Iam dizendo a quem se escondia se podiam sair do esconderijo ou não. Iam fazendo sinais… tudo muito bem feito!
Engraçado era ver alguns, de banho recentemente tomado, a enfiarem-se debaixo de carros, dentro das obras, deitados no chão por trás de montes de areia… Éramos assim!
A vida era simples… Nós felizes!
“-Sandro! Sandro vem para casa! São horas de deitar e amanhã há mais.”
E havia mesmo…
Tenho de ir.
A minha mãe chamou. Até amanhã…

9 comentários:

Cláudia disse...

O teu post fez-me lembrar a minhha infância.
Faziamos exactamente as mesmas coisas, os jogos às escondidas com a cumplicidade dos que ficavam de castigo.
As guerras entre as meninas e os meninos.
O jogo do bate pé onde dei o meu primeiro beijinho na boca.
Que saudades, obrigada por me fazeres recordar este tempo!

Um beijinho e bom fim de semana

(já agora adorei a musica que tinhas, espectacular)

Joana disse...

Há sempre pedacinhos de dia que ainda vão relembrando essa fase, nem que seja quando alguém nos chama para ir jantar :)
Sabe bem recordar infâncias assim. E sabe bem lê-las também. Beijo bom miguinho

carla disse...

simplesmente...delicioso.

Fábula disse...

a vida continua simples qdo crescemos, nós é q a complicamos! =)

Morgaine disse...

Vida boa...
Não tenho propriamente saudades... Mas sorrio com vontade quando me lembro dos meus disparates, das minhas brincadeiras e do que tanto aprendi nesse tempo.
Tenho é pena de que muitos miúdos de hoje já não saibam brincar assim.

xein disse...

A mãe continua a chamar.... E isso, muitas vezes, é tão booomm... :)

Sente-te!

Corto Leon disse...

...e eu já tenho saudades de novos posts aqui, então Sander?

PJFM disse...

Pois é primo. Grandes noitadas aquelas. Grande esconderijo era a varanda da dona lurdes, que volta e meia tinha lá um marmanjo em casa. :) Abraço

PS - Hoje provei o Magnum Hot: está aprovadíssimo!

Anónimo disse...

Inevitável ficar com a lágrima ao canto do olho ao ler este teu post .. era tão bom não era? E lembras-te do assobio tão peculiar do pai a chamar para ir jantar? Todas as pessoas já sabiam que aquele assobio era para nós. E quando faltava a luz? Descíamos todos para a rua, era mais uma desculpa para nos juntarmos todos outra vez. Tivémos uma infância fantástica :)