...
A minha mãe senta-se na sala... vê uma novela sem interesse...
Eu deixo-me adormecer, num sotaque brasileiro.
São 11 da noite e não consegui matar o tempo...
O meu pai passeia pela casa, ouço-lhe os passos pelo chão...
Inventa desculpas pra fugir ao sono...
Eu deixo-me ficar no sofá.. fecho os olhos...
Penso em como estarás... será que dormes? será que vês a mesma novela?
Imagino-me contigo, aninhado num sofá qualquer, porque um qualquer terá todo o conforto do mundo se dividido contigo.
Imagino-me perdido nos teus braços, ou a massajar-te os ombros cansados, no meio de um cafuné perdido em tantos que não se fazem...
Lisboa é uma cidade quente já... A janela aberta a arrefecer-nos os corpos, enquanto aquele sotaque brasileiro nos leva a comentar as personagens da novela.
Um beijo...
...
Porque sim... Porque adoro o teu beijo, porque os teus lábios me fazem um bem... que não te consigo explicar!
Não mos roubes nunca, mesmo sendo teus!
Abro os olhos...
O meu pai prostrado no sofá a ver os resumos do futebol...
Levanto-me lentamente.
Caminho pro quarto...
A minha mãe já deitada, com a televisão ligada num reallity qualquer...
Deixo-me cair na cama e no escuro.
Um dia...
6 comentários:
um dia...estarão os dois deitados no sofá que compraram no IKEA, tu querias em castanho mas acabaram por comprar o laranja, ela convenceu-te que trazia mais alegria à casa, e mergulhados na cumplicidade um do outro, mudam de canal, dão um beijo como nas novelas e sorriem os dois na eterna cumplicidade dos amantes!!!
Um dia o percurso do sofá até à almofada será feito em beijos comprometidos com um acordar sorridente. Todos sonhamos com isso no sofá :)
Beijão!
Belissimo texto :>
porquê deixar para um dia... devia ser já, não achas? mas a vida é feita, muitas vezes de sonhos, mesmo quando não conseguimos dormir...
belo texto
Um dia lindísssimo..
Até um sofá se altera de significado de acordo com o contexto em que se posiciona e, em certa medida, no que nos faz operacionalizar...
O que importa o sotaque da novela, ou o pontapé de canto no relvado, quando a "nossa cena" está a ser passada num inconsciente supérfulo que, ao fecharmos os olhos, se torna mais nítida e decifrável... ?
Boa Sandro... as tuas palavras também têm um sotaque (muito) especial...
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