18.3.05

É bem verdade...

«Não deixa de ser fascinante matéria de estudo comparar o vigor e a tenacidade posta na compra dos bilhetes dos U2, pela mesma geração de jovens cujos professores dizem que, não lêem porque os livros são caros. Que, pelo menos até ao passado ano lectivo, tinham de abandonar as faculdades porque não podiam pagar as propinas. E cujos corpos e almas segundo nos andam a garantir há anos psicólogos e pedagogos ficariam profundamente traumatizados caso tenham de se esforçar pelo que quer que seja. Nem sei o que seria se tivessem de dormir ao relento a noite mais fria do ano para obterem, por exemplo, uma bolsa de estudo. Felizmente que foi para os U2. Assim ninguém se traumatizou.»

(Helena Matos, no Público).

E depois é vê-los, de calcinha Levis, mala Gucci e óculos de sol de 200€(ou mais) , a conduzir alguns deles, grandes bólides, a protestar contra as propinas e mais isto e aquilo...

Desculpem, mas tinha de publicar este texto, uma vez que também eu me insurjo contra este tipo de disparidades.

12 comentários:

Sandro disse...

Ritinha: Muito ofensiva mesmo!
(Então para mim que pago cerda de 250€/mês numa privada)

Adoro teatro. Esse por acaso não vi ainda, amanhã vou ver "Um jantar de família" no Cinema Mundial.
Esse tenho alguma curiosidade em ver por acaso.
Se querias uma opinião, infelizmente ainda não te posso dar. :-(
Beijo

Patrícia Mota disse...

Para alguma coisa há o ensino publico e o ensino privado. Desculpa que te diga mas tou a tirar o curso de matematica e a unica coisa que gastam comigo é giz (e claro os salarios dos professores e a luz). 750euros?? Desculpa, mas eu acho um exagero. E, apesar de falares de um certo tipo de estudantes, eu, pessoalmente, conheço varios que trabalham para poderem pagar as propinas, MESMO! E nao vai ser por uns meninos ricos que fazem o que querem que outros vao continuar a pagar e nao vai ser por uns que outros vao deixar de ter direito a sua luta.
Compreendo o teu lado, mas tenta ver os dois.

Ainda bem que tens possibilidade de estar numa privada, eu nao tenho!

Sabes Sandro, em todas as histórias existem dois lados.

Felizes sao os que podem estar na faculdade, ir aos concertos, ao teatro, ao cinema, jantar fora, comorar presentes sempre que querem... Felizes sao esses... Ou entao nao...

Joana disse...

Concordo contigo. Há realmente uma incoerência tremenda nestas questões.Também sempre me fez confusão ver pessoas a contestarem o pagamento de propinas e depois verificar quais as suas prioridades em termos financeiros.
Aliás em movimento associativo pude verificar que alguns dos mais lutadores por esse direito eram os únicos que se deleitavam com óculos de marca de 30 e tal contos. E isso para mim é absolutamente inaceitável, para além de incoerente.
Agora peço desculpa mas tenho mesmo de ressalvar:"(...)Nos andam a garantir há anos psicólogos e pedagogos"?.Quem??? Essa ideia que se cultivou que os psicólogos protegem e promovem a falta de esforço é das ideias mais descabidas que existe em relação à profissão. E se houver aqueles que o façam é só por um motivo-são maus profissionais, ponto final.E se houver quem o diga, como esta senhora, é porque nada percebe deste assunto. Porque isso nada tem a ver com a classe profissional em si. Se o objectivo é precisamente o inverso...!
Além de que falar em traumas nestes termos é abusar de uma expressão que o senso comum apropriou de uma linguagem científica do início do século, que já está mais que ultrapassada. Não sei se essa senhora Helena Matos terá noção disso. E vais-me desculpar mais uma vez porque isto não tem a ver contigo mas o problema é que os jornalistas são uma das classes que mais tem contribuído para queimar a imagem do psicólogo perante a opinião pública.
Espero que compreendas a minha revolta porque isso é totalmente injusto para quem está por dentro e os vê a trabalhar...

Gosto quando colocas estes posts de opinião. Continua!

Beijo bom

Alexandra disse...

Concordo plenamente contigo. Atingimos o cumulo da parvoice!
bjo.

SL disse...

Adorei! Amei! Acho que este texto devia ser leitura obrigatória para todos os estudantes deste país...
e não só, este pedacinho serve para exemplo a todos...em n coisas e situações diferentes da nossa sociedade!
Jinhos e bom fim de semana.

Rosa Cueca disse...

Não deixa de ser fascinante interrogar-me sobre a secção em que vem a notícia...
Porque me custa um pouco ver este tom de crítica numa notícia, a menos que seja uma crónica, editorial ou afins...

Mais a mais não se pode meter tudo num saco, há estudantes que passam dificuldades para pagar os estudos, há outros que realmente ostentam muito.
No entanto, quando falamos em Educação, não devemos penalizar os que ostentam em excesso e sim beneficiar os que são barrados no seu direito à Educação por questões monetárias.
A luta académica já teve melhores dias, já houve mais força, mais empenho, enfim... mas não deixa de ser uma luta válida que deve ser respeitada (embora ultimamente eu aceite que estejamos a ser vistos como uma verdadeira anedota).

nikonman disse...

Muito bem postado!

Ricardo disse...

Concordo só parcialmente com a tua exposição.

A questão das propinas é complexa. Para já não queria discuti-la em contraposição com bilhetes para concertos porque não podemos retirar nenhuma conclusão séria disso. Qualquer estudo causa/efeito e comportamental não pode ser feito com essa ligeireza.

Fora isso há uma questão de fundo. A Educação deve ou não tender para ser gratuita como está escrito na Constituição? Deve ou não ser paga por todos nós via orçamento para trazer retorno de produtividade mais tarde ao país? É fundamental esclarecer este ponto duma vez por todas.

Ninguém se esqueça porque é que pagamos impostos. A educação é financiada pelos nossos impostos e qualquer estudo académico diz que a educação é um dos principais factores de desenvolvimento dum país. A introdução das propinas é um imposto extra porque a sua introdução não diminuiu os outros impostos. Há aqui duplicação de facturas. As propinas só são legítimas se houver baixa dos outros impostos.

O que aconteceu com a introdução das propinas (e ao contrário do que foi prometido) é que estas não vieram financiar um aumento da qualidade do ensino mas vieram substituir as transferências do Estado em despesas correntes.

O que não é legítimo é o Estado querer o melhor dos dois mundos. E enquanto não estiver clarificado que parte deve ser paga pelo aluno e que parte deve ser paga pelo contribuinte não me peçam para concordar com as propinas!

Parabéns ao blogue!

Monalisa disse...

Dou-te plena razão na questão da ausência de força de vontade para lutar pelas coisas, mas também pergunto : quem é que permitiu isto ? E parece-me que há mais culapados para além dos acusados. Outro beijo e boa páscoa para ti, Sandro

paula. disse...

clap clap clap, sandro.

=) nem mais. sem ser simplista e sem generalizar, é profundamente contraditoria a postura desses setudantes e o texto q antecede o teu post esta fantastico.
beijos, paula

reciprocidades.blogspot.com

paula. disse...

de salientar que estudei numa privada que os meus pais pagaram e ninguém se chorou por isso e a minha filha frequenta um colégio digamos que carote e não é por isso que não tem o verdadeiro sentido do que custam as coisas e a vida, hipocrisias é que não!

bj*

Anónimo disse...

discordo.
quem te garante que aquelas pessoas eram todas elas estudantes universitários?
quem te garante que estudam no público? quem te garante que lutam contra as propinas?
pensar de forma redutora é simples, encarar os problemas não.
eu sou estudante universitária, acho que as proprinas são caras demais para o meu nível de vida e NÃO COMPRO BILHETES PARA OS U2. comigo estão muitos outros.
pensa nisso.